ELEMENTOS DA RESENHA CRÍTICA
DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS DE UMA RESENHA CRÍTICA
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1 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA (SEGUIR AS NORMAS DA ABNT)
Fazer a referência bibliográfica completa da obra resenhada de acordo com o manual da faculdade; é recomendável, no caso de resenhas, colocar aqui somente a referência da obra que foi analisada.
2 APRESENTAÇÃO DO/A AUTOR/A DA OBRA
Apresenta-se um autor falando dos principais fatos relacionados à sua vida: local e ocasião de nascimento, formação acadêmica, pessoas que exerceram influência teórica sobre sua obra, fatos que teriam marcado sua vida e, conseqüentemente, sua forma de pensar.
3 PERSPECTIVA TEÓRICA DA OBRA
Toda obra escrita pertence a uma determinada perspectiva teórica; é muito importante saber a que tradição/escola teórica pertence o/a autor/a da obra que se está analisando, pois isso permite compreender a forma como está organizada, bem como a lógica da argumentação utilizada; quando se reconhece a perspectiva teórica do/a autor/a, sabe-se o que se pode esperar da obra que será analisada.
4 BREVE SÍNTESE DA OBRA
Antes de começar a análise de uma obra, é muito importante procurar ter uma visão panorâmica desta; isto pode ajudar a visualizar o começo, o meio e o fim da obra, permitindo saber de onde parte e para aonde vai o/ autor/a na sua argumentação; esta parte da resenha (somente esta!) pode ser feita na forma de um esquema.
5 PRINCIPAIS TESES DESENVOLVIDAS NA OBRA
Depois de tudo preparado se pode analisar o conteúdo da obra de forma propriamente dita; o objetivo é traçar as principais teses do/a autor/a e não resumir a sua obra (resenha não é resumo!); é preciso ler com muita atenção para se apreender o que é fundamental no pensamento do/a autor/a.
6 Reflexão crítica sobre obra e implicações
Depois de apresentar e compreender o/a autor/a e sua obra, deve-se traçar alguns comentários pessoais sobre o assunto, ancorados em argumentos fundamentados academicamente.
7 EXEMPLO DE RESENHA CRÍTICA
Veja abaixo um exemplo completo de Resenha Crítica.
RESENHA CRÍTICA
ALVES-MAZZOTTI, Alda J.; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2. ed. São Paulo, Pioneira, 1999. 203 p.
1 CREDENCIAIS DOS AUTORESAlda Judith Alves Mazzotti é bacharel licenciada em Pedagogia, bacharel em Psicologia, Psicóloga, mestre em Educação, doutora em Psicologia da Educação, professora titular de Psicologia da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e leciona a disciplina de Metodologia da Pesquisa em cursos de graduação e pós-graduação desde 1975. Outras obras: ALVES-MAZZOTTI, Alda J., (1994). Do trabalho à rua: uma análise das representações sociais produzidas por meninos trabalhadores e meninos de rua. In Tecendo Saberes. Rio de Janeiro: Diadorim-UFRJ / CFCH. _________ . (1996). Social representations of street children, resumo publicado nos Anais da Terceira Conferência Internacional sobre Representações Sociais, realizada em Aix-em- Provence. Fernando Gewandsznajder é licenciado em Biologia, mestre em Educação, mestre em Filosofia e doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Outras obras: GEWANDSZNAJDER, Fernando. O que é o método científico. São Paulo: Pioneira,1989. _________. A aprendizagem por mudança conceitual: uma crítica ao modelo PSHG. Doutoramento em Educação. Faculdade de Educação da UFRJ, 1995. 2 RESUMO DA OBRA O livro é constituído de duas partes, cada uma delas sob a responsabilidade de um autor, traduzindo sua experiência e fundamentação sobre o método científico, em abordagens que se complementam. Na primeira parte, GEWANDSZNAJDER discute, em quatro capítulos, o método nas ciências naturais, apresentando conceitos básicos como o da lei, teoria e teste controlado. No capitulo inicial há uma visão geral do método nas ciências naturais e um alerta sobre a não concordância completa entre filósofos da ciência sobre as características do método científico. Muitos concordam que há um método para testar criticamente e selecionar as melhores hipóteses e teorias. Neste sentido diz-se que há um método cientifico, em que a observação, a coleta dos dados e as experiências são feitas conforme interesses, expectativas ou idéias preconcebidas, e não com neutralidade. São formuladas teorias que devem ser encaradas como explicações parciais, hipotéticas e provisórias da realidade. O segundo capítulo trata dos pressupostos filosóficos do método científico, destacando as características do positivismo lógico, segundo o qual o conhecimento factual ou empírico deve ser obtido a partir da observação, pelo método indutivo, bem como as críticas aos positivistas, cujo objetivo central era justificar ou legitimar o conhecimento científico, estabelecendo seus fundamentos lógicos e empíricos. A partir das críticas à indução, o filósofo Karl Popper (1902- 1994) construiu o racionalismo crítico, sua visão do método cientifico e do conhecimento em geral, dizendo que ambos progridem através de conjecturas e refutações, sendo que a tentativa de refutação conta com o apoio da lógica dedutiva, que passa a ser um instrumento de crítica. Apoiados em sua visão da história da ciência, Thomas Kuhn ( 1922- 1996) , Lakatos e Feyerabend, entre outros, criticam tanto Popper quanto os indutivistas, alegando que sempre é possível fazer alterações nas hipóteses e teorias auxiliares quando uma previsão não se realiza. Kuhn destaca o conceito de paradigma como uma espécie de “teoria ampliada”, formada por leis, conceitos modelos, analogias, valores, regras para a avaliação de teorias e formulação de problemas, princípios metafísicos e “exemplares”. Tais paradigmas orientam a pesquisa cientifica; sua força seria tanta que determinaria até mesmo como um fenômeno é percebido pelos cientistas, o que explica por que as revoluções cientificas são raras: em vez de abandonar teorias refutadas, os cientistas se ocupam com a pesquisa cientifica orientada por um paradigma e baseada em um consenso entre especialistas. Nos períodos chamados de “Revoluções Cientificas”, ocorre uma mudança de paradigma; novos fenômenos são descobertos, conhecimentos antigos são abandonados e há uma mudança radical na prática cientifica e na “visão de mundo” do cientista. A partir do final dos anos sessenta, a Escola de Edimburgo, defende que a avaliação das teorias cientificas e seu próprio conteúdo são determinados por fatores sociais. Assume as principais teses da nova Filosofia da Ciência e conclui que o resultado da pesquisa seria menos uma descrição da natureza do que uma construção social. O terceiro capítulo busca estimular uma reflexão crítica sobre a natureza dos procedimentos utilizados na pesquisa cientifica. Destaca que a percepção de um problema deflagra o raciocínio e a pesquisa, levando-nos a formular hipóteses e a realizar observações. Importantes descobertas não foram totalmente casuais, nem os cientistas realizavam observações passivas, mas mobilizavam-se à procura de algo, criando hipóteses ousadas e pertinentes, o que aproxima a atividade cientifica de uma obra de arte. Visando apreender o real, selecionamos aspectos da realidade e construímos um modelo do objeto a ser estudado. Mas isto não basta: há que se enunciar leis que descrevam seu comportamento. O conjunto formado pela reunião do modelo com as leis e as hipóteses constitui a teoria cientifica. A partir do modelo, que representa uma imagem simplificada dos fatos, pode-se corrigir uma lei, enunciando outra mais geral, como ocorreu com Lavoisier, que estabeleceu os alicerces da química moderna. No quarto capitulo, GEWANDSZNAJDER conclui a primeira parte da obra, comparando a ciência a outras formas de conhecimento, mostrando que tal distinção nem sempre é nítida e, que aquilo que atualmente não pertence à ciência, poderá pertencer no futuro. Apresenta críticas a áreas cujos conhecimentos não são aceitos por toda a comunidade cientifica, como: paranormalidade, ufologia, criacionismo, homeopatia, astrologia. Na maioria das vezes, o senso comum, formado pelo conjunto de crenças e opiniões, limita-se a tentar resolver problemas de ordem prática. Assim, enquanto determinado conhecimento funcionar bem, dentro das finalidades para as quais foi criado, continuará sendo usado. Já o conhecimento cientifico procura sistematicamente criticar uma hipótese, mesmo que ela resolva satisfatoriamente os problemas para os quais foi concebida. Em ciência procura-se aplicar uma hipótese para resolver novos problemas, ampliando seu campo de ação para além dos limites de objetivos práticos e problemas cotidianos. Na segunda parte do livro, Alves-Mazzotti discute a questão do método nas ciências sociais, com ênfase nas metodologias qualitativas, analisando seus fundamentos. Coloca que não há um modelo único para se construir conhecimentos confiáveis, e sim modelos adequados ou inadequados ao que se pretende investigar e que as ciências sociais vêm desenvolvendo modelos próprios de investigação, além de propor critérios para orientar o desenvolvimento da pesquisa, avaliar o rigor dos procedimentos e a confiabilidade das conclusões que não prescindem de evidências e argumentação sólida. O capítulo cinco analisa as raízes da crise dos paradigmas, situando historicamente a discussão sobre a cientificidade das ciências sociais. Enfatiza fatos que contribuíram para estremecer a crença na ciência, como os questionamentos de Kuhn, nos anos sessenta, sobre a objetividade e a racionalidade da ciência e a retomada das críticas da Escola de Frankfurt, referentes aos aspectos ideológicos da atitude cientifica dominante. Mostra que os argumentos de Kuhn, relativos à impossibilidade de avaliação objetiva de teorias cientificas, provocaram reações opostas, a saber: tomados às ultimas conseqüências, levaram ao relativismo, representado pelo “vale tudo” de Feyerabend e pelo construtivismo social da Sociologia do Conhecimento. De outro lado, tais argumentos foram criticados à exaustão, visando indicar seus exageros e afirmando a possibilidade de uma ciência que procure a objetividade, sem confundi-la com certeza. E ainda, diversos cientistas sociais, mobilizados pelas críticas à ciência tradicional feitas pela Escola de Frankfurt, partindo de outra perspectiva, procuravam caminhos para a efetivação de uma ciência mais compromissada com a transformação social. Em tal contexto, adquirem destaque nas ciências sociais, os modelos alternativos ao positivismo, como a teoria crítica, expondo o conflito entre o positivismo e a visão dialética. Esgotado o paradigma positivista, adquire destaque, na década de setenta, o paradigma qualitativo, abrindo espaço para a invenção e o estudo de problemas que não caberiam nos rígidos limites do paradigma anterior. A discussão contemporânea propõe compromisso com princípios básicos do método cientifico, como clareza, consenso, linguagem formalizada, capacidade de previsão, conjunto de conhecimentos que sirvam de guia para a ação(modelos). A análise das posições indica flexibilização dos critérios de cientificidade, preocupação com clareza do discurso cientifico permitindo crítica fundamentada, explicação e não apenas descrição dos fenômenos. O capítulo seis apresenta aspectos relativos ao debate sobre o paradigma qualitativo na década de oitenta. Inicialmente, caracteriza a abordagem qualitativa por oposição ao positivismo, visto muitas vezes de maneira ingênua. Wolcott denuncia a confusão na área, Lincoln e Guba denominam o novo paradigma de construtivista e Patton capta o que há de mais geral entre as modalidades incluídas nessa abordagem, indicando que seguem a tradição compreensiva ou interpretativa. Na Conferência dos Paradigmas Alternativos, em 1989, são apresentados como sucessores do positivismo:
Os teóricos – críticos enfatizam o papel da ciência na transformação da sociedade, embora a forma de envolvimento do cientista nesse processo de transformação seja objeto de debate. Ao contrário dos construtivistas e dos pós-positivistas, questionam a dicotomia objetivo/subjetivo, implicando oposições, declarando que esta é uma simplificação que, em vez de esclarecer confunde. Para eles subjetividade não é algo a ser expurgado da pesquisa, mas que precisa ser admitido e compreendido como parte da construção dos significados inerente às relações sociais que se estabelecem no campo pesquisado. Tem que ser entendida como sendo determinada por múltiplas relações de poder e interesses de classe, raça gênero, idade e orientação sexual. Conceito que deve ser discutido em relação à consciência e às relações de poder que envolvem tanto o pesquisador como os pesquisados. Como organizador da citada conferência, Guba retratou as ambigüidades, confusões e discordâncias existentes, visando estimular a continuação das discussões. A diferença entre as três posições reside na ênfase atribuída e, especialmente, nas conseqüências derivadas dessas questões:o papel da teoria, dos valores e a subdeterminação da teoria. Na prática, observa-se com freqüência a coexistência de características atribuídas a diferentes paradigmas. No capítulo sete estuda-se o planejamento de pesquisas qualitativas, discutem-se alternativas e sugestões, acompanhadas de exemplos que auxiliam o planejamento e desenvolvimento de pesquisas. Ao contrário das quantitativas, as investigações qualitativas não admitem regras precisas, aplicáveis a uma infinidade de casos, por sua diversidade e flexibilidade. Diferem também quanto aos aspectos que podem ser definidos no projeto. Enquanto os pós-positivistas trabalham com projetos bem detalhados, os construtivistas sociais defendem um mínimo de estruturação prévia, definindo os aspectos referentes à pesquisa, no decorrer do processo de investigação. Para a autora, um projeto de pesquisa consiste basicamente em um plano para uma investigação sistemática que busca uma compreensão mais elaborada de determinado problema. Seja qual for o paradigma em que está operando, o projeto deve indicar: o que se pretende investigar; como se planejou conduzir a investigação; porque o estudo é relevante. Encerrando a obra, o capítulo oito trata da revisão da bibliografia, destacando dois aspectos pertinentes à pesquisa: (1) análise de pesquisas anteriores sobre o mesmo tema e ou sobre temas correlatos; (2) discussão do referencial teórico. Sendo a produção do conhecimento uma construção coletiva da comunidade científica, o pesquisador formulará um problema, situando-se e analisando criticamente o estado atual do conhecimento em sua área de interesse, comparando e criticando abordagens teórico-metodológicas e avaliando o peso e confiabilidade de resultados de pesquisas, identificando pontos de consensos, controvérsias, regiões de sombra e lacunas que merecem ser esclarecidas. Posicionar-se-á quanto ao referencial teórico a ser utilizado e seguirá o plano estabelecido.
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