Blog do curso de Relações Internacionais 2011 da Universidade Federal da Paraíba

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Força aérea bombardeia zonas rebeldes no norte e centro da Síria

A força aérea síria bombardeou nesta quinta-feira (11) as últimas zonas rebeldes de Homs (centro) e a artilharia concentrava os ataques na cidade Maret al-Noman (noroeste), controlada pelos insurgentes, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A batalha de Maaret al-Nooman, cidade estratégica, na estrada que liga Damasco e Aleppo, é considerada vital pelos rebeldes.
Para enfrentar o ataque do regime de Bashar al Assad, os rebeldes utilizam foguetes antitanque e bombas fabricação caseira.
No centro do país, as áreas rebeldes de Homs e a localidade insurgente de Quseir foram atacadas nesta quinta.
No campo econômico, a Síria suspende há uma semana a importação de energia elétrica da Turquia, que respondeu aos disparos de morteiros contra seu território procedentes do território sírio.
Ancara, que abastece em 20% a energia consumida pelo vizinho, havia ameaçado Damasco em janeiro com a suspensão do fornecimento de eletricidade depois que a defesa antiaérea síria destruiu um avião de combate turco.
A tensão entre os dois países aumentou desde o bombardeio da cidade fronteiriça turca de Akçakale há uma semana, que matou cinco civis turcos.

Do G1.

Ítália lança coletânea de charges de Latuff sobre a Síria

Por ocasião do evento anual de quadrinhos de realidade Komikazen, a ser realizado em Ravenna entre 11 e 14 desse mês na antiga cidade italiana de Ravenna, foi lançada uma coletânea de charges de Latuff sobre o conflito na Síria pela editora Giuda Edizioni.
Vale a pena conferir esse trabalho e ficar sabendo mais sobre a Síria a partir das charges.
Veja imagens do livro em:
http://latuffcartoons.files.wordpress.com/2012/10/dscn1946.jpg
http://latuffcartoons.files.wordpress.com/2012/10/dscn1947.jpg

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Dissidente chinês deixa Embaixada dos EUA em Pequim

O dissidente Chen Guangcheng abandonou a Embaixada dos Estados Unidos em Pequim após seis dias, informou nesta quarta-feira o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Liu Weimin.


O porta-voz destacou que a China exige desculpas dos EUA pelo fato de as autoridades americanas terem permitido a entrada do advogado cego na Embaixada. Chen Guangcheng escapou de sua casa em 22 de abril, após passar mais de um ano e meio confinado sob prisão domiciliar.

Um correspondente do jornal norte-americano "The Washington Post" disse que Guangcheng deixou a embaixada de carro em direção ao hospital acompanhado do embaixador dos EUA Gary Locke. Segundo o jornal, o dissidente chinês está bem.

Imagem de vídeo postado no You Tube mostra Chen Guangcheng, ativista que é advogado e cego
INTERFERÊNCIA

Autoridades chinesas reclamaram da interferência dos EUA em assuntos domésticos.
A confirmação oficial de que Chen esteve na Embaixada dos EUA acontece no mesmo dia em que a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, chegou à capital chinesa para um diálogo estratégico e econômico com as autoridades chinesas.

Fontes do Governo chinês reconheceram nos últimos dias que os direitos humanos estarão na agenda das conversas, enquanto Hillary assegurou que durante a visita analisaria "todos os assuntos que estiverem pendentes", mas sem citar especificamente a situação de Chen.
Advogado autodidata, Chen atuou contra a esterilização de mulheres e os abortos forçados na China, parte da política chinesa de um filho por família, e era mantido em confinamento extrajudicial na sua casa em seu vilarejo natal, Linyi, desde setembro de 2010, quando foi libertado da prisão.

Seu confinamento com a família sob estrita vigilância de guardas e os espancamentos esporádicos provocaram protestos de simpatizantes na China e críticas de governos estrangeiros e grupos defensores dos direitos humanos.
Chen Guangcheng estava sob prisão domiciliar há 19 meses, quando conseguiu escapar com a ajuda de outros dissidentes, e se refugiu na embaixada americana.

DA EFE E DA REUTERS


segunda-feira, 16 de abril de 2012

EUA e sua política para conquistar a América Latina

Lendo o site da Carta Capital encontrei esse post interessante sobre a política externa dos EUA com a América da Latina desde o começo da 2ª Guerra Mundial.

Internacional

Antonio Luiz M. C. Costa

O Pato Donald pode ficar de fora


Em 1939, o fim da influência britânica nas Américas estava consumado, mas os EUA estavam longe de garantir a herança. Franklin Roosevelt teve de fazer sua parte para conquistar corações e mentes na América Latina. Reconheceu a nacionalização das petroleiras anglo-americanas no México, ajudou Getúlio Vargas a criar a Vale do Rio Doce e a CSN com as reservas de ferro expropriadas ao empresário estadunidense Percival Farquhar e até encomendou à Disney a animação Saludos Amigos!, de 1942.

Com o fim da guerra e do Eixo, Washington tornou-se tão hegemônica no Hemisfério Ocidental que não pediu mais desenhos animados sobre a América Latina e em 1950 extinguiu como supérflua a Quarta Frota, criada em 1943 para patrulhar as águas latino-americanas. O continente era seu quintal. A Guatemala podia servir de cobaia de experiências com sífilis que mataram pelo menos 83 entre 1946 e 1948, enquanto o Brasil era forçado a importar quinquilharias para liquidar as reservas acumuladas na guerra, romper relações com a União Soviética e pôr os comunistas na ilegalidade.
Desobedientes teriam o destino de João Goulart em 1964 ou Salvador Allende em 1973.

Em 1994, quando a União Soviética já não existia e os EUA convocaram a primeira Cúpula das Américas em Miami para preparar a construção da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), não se concebia oposição. Ainda em 2002, o embaixador dos EUA em La Paz julgava apropriado ameaçar abertamente os bolivianos de represálias caso votassem em Evo Morales. Em 2003, quando Brasília articulava a resistência dos “emergentes” na OMC e na Alca, o subsecretário de comércio exterior de Bush júnior, Robert Zoellick (depois presidente do Banco Mundial) não a levava a sério: zombava que o Brasil, se ficasse de fora, teria de “exportar para a Antártida”.

O tropeço dos EUA na OMC e na Alca e a surpreendente derrota de 2005, quando o socialista chileno José Miguel Insulza, com apoio do Brasil, venceu a disputa pela secretaria-geral da OEA contra o mexicano patrocinado por Washington, foram vistos como anomalias temporárias. Ainda em 2006, The Economist desdenhava o Brasil como “espectador irrelevante” e sua diplomacia como uma “confusão com resultados esquálidos”.

Mas a América Latina se fez notar no radar de Washington, como uma pedra da qual só se toma consciência ao se levar a topada. A criação de um novo psitacídeo carioca por animadores de Hollywood, 69 anos depois do Zé, talvez tenha sido um acaso, mas não o foi a recriação da Quarta Frota quando a China conquistava mercados latino-americanos, a Rússia fazia exercícios militares com a Venezuela, o Equador expulsava a base dos EUA em Manta e o Brasil consolidava na Unasul e no BRICS alianças estratégicas alheias a Washington.

Seis anos depois, a mesma The Economist abre seu comentário sobre a visita de Dilma Rousseff a Barack Obama dizendo que “o Brasil nunca foi tão importante para os EUA quanto agora e os EUA nunca importaram tão pouco para o Brasil”. Não foi preciso exportar para a Antártida: bastou ampliar o mercado interno e o comércio com o Sul e com Pequim – hoje um parceiro comercial mais importante para Brasília que Washington – e eliminar a dependência financeira dos bancos e órgãos multilaterais dominados pelos EUA.

Hugo Chávez, cuja derrota The Economist prevê a cada ano eleitoral, é mais uma vez favorito, apesar de doente, e o que é mais interessante, seu rival Henrique Capriles, que participou do assédio à Embaixada de Cuba durante o fracassado golpe de 2002, hoje posa como centro-esquerda e se diz “bolivariano”, inspirado em Lula e no “modelo brasileiro”.

A Alca morreu e seu ectoplasma, a Cúpula das Américas, corre o risco de ser definitivamente exorcizado. Os EUA voltaram a vetar a participação dos cubanos na Cúpula de Cartagena de 14 e 15 de abril, mas a presidenta Dilma disse a Obama que “todos os países da América Latina têm relações com Cuba e esta é a última Cúpula da qual Cuba não participará”. Obama respondeu? “Não teve de responder. Não foi uma pergunta.” Para o presidente do Equador, Rafael Correa, a de 2009 já foi a última: boicotou a atual como irrelevante para as questões que “importam para a Pátria Grande”, incluindo o bloqueio de Cuba e a colonização britânica das Malvinas, como explicou em carta aberta ao anfitrião colombiano, Juan Manuel Santos.

Santos sentiu-se obrigado a ir em pessoa a Havana desculpar-se e criticar os EUA: “Há certa hipocrisia na forma como tratam Cuba e não aplicam o mesmo padrão a outros”. Dito pelo chefe de um dos governos mais próximos dos EUA no continente, é significativo. Assim como o protesto do notoriamente direitista presidente da Guatemala, general Otto Pérez, quando os EUA vetaram sua pré-cúpula da América Central, na qual pretendia articular com os vizinhos uma posição conjunta da região em favor da legalização das drogas.

Naturalmente, os EUA ainda podem contar com seu peso militar e econômico, principalmente no México e nas frágeis repúblicas da América Central. Mas se dependesse da diplomacia, a influência dos EUA teria caído a zero. As atitudes da Casa Branca na América Latina não são pautadas pela realidade, mas pelas ficções do debate midiático e partidário interno dos EUA.

Obama ganharia a boa vontade de muitos latino-americanos se encerrasse o bloqueio a Cuba, mas seria mais um pretexto para ser acusado de “marxista” pelos republicanos, alguns dos quais pedem o fim da OEA. Em Honduras, ao que tudo indica, o governo democrata cedeu a republicanos e militares e reconheceu o golpe em -troca da nomeação de um funcionário de segundo escalão.

Vencida pela Embraer, uma concorrência do Pentágono foi cancelada para favorecer um pequeno fornecedor local. Em busca do voto anticastrista, republicanos da Flórida atropelam o governo federal, ao qual caberia a política externa, e proíbem o estado e seus municípios de contratarem a -Odebrecht, por esta executar obras em Cuba. Paralisados pela intransigência de suas disputas internas, os EUA podem perder a capacidade de conduzir uma diplomacia coerente nas Américas até que seja tarde demais.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Crise da dívida europeia: Monti responsabiliza Alemanha e França

Monti substituiu Silvio Berlusconi como chefe de Governo italiano ©AFP / Kazuhiro Nogi
TÓQUIO (AFP) – O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, declarou nesta quarta-feira que a atitude da Alemanha e da França no início da década passada foi uma das causas da crise europeia de endividamento.

“Esta história começa em 2003, quando o euro ainda era um bebê. Na época, Alemanha e França eram os países que relaxaram com os déficits públicos e as dívidas”, afirmou em Tóquio.

Monti, que substituiu o magnata Silvio Berlusconi em novembro para tentar salvar a terceira maior economia da Zona do Euro, ameaçada de ser arrastada pela crise da dívida, recordou que o Conselho Europeu decidiu não penalizar as duas principais economias do bloco.

“O Conselho Europeu, então dirigido pela Itália, que assumia a presidência, disse que, ao contrário da proposta da Comissão Europeia, não chamaria a atenção de Alemanha e França, apesar dos déficits que superavam 3% do Produto Interno Bruto”, destacou.

Monti era na época o comissário europeu da Concorrência.

“Certamente, se o pai e a mãe da Zona do Euro não respeitam as regras, não se pode esperar qua a Grécia faça isso”, completou.

De Carta Capital

sábado, 10 de março de 2012

Embaixador da Venezuela na UFPB

Feras 2012 de Relações Internacionais
Ontem (09), no auditório do CCHLA na UFPB, tivemos a oportunidade de poder conhecer um pouco sobre a Venezuela, nosso vizinho da América Latina, através do Sr. Maximilien Sánchez Arveláiz, embaixador da Venezuela no Brasil.

Na palestra, o embaixador falou a respeito da revolução bolivariana na Venezuela, do tempo em que Hugo Chávez ficou exilado e como ele chegou à presidência. Também falou que Chávez é um ótimo comunicador e que todos adoram seu programa Alô, presidente. "Eu sinto falta de assistir o programa do presidente quando não estou na Venezuela" disse o embaixador.

Abriram espaço para intervenções e perguntas. Com isso, saíram perguntas muito bem proveitosas, mas algumas intervenções, infelizmente, se utilizaram de discursos políticos que nada tinham a ver com o assunto discutido no local.

Contudo, foi uma palestra incrível e que todo o público presente adorou, principalmente os alunos de Relações Internacionais.

Por Letícia Frasão

quinta-feira, 8 de março de 2012

EUA homenageiam coragem da 1ª mulher a comandar uma UPP no Rio

O Departamento de Estado americano premiou nesta quinta-feira (8) "a liderança e a coragem excepcional" da major da Polícia Militar Pricilla de Oliveira Azevedo, primeira mulher a comandar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro.
Por conta do Dia Internacional da Mulher, a secretária de Estado, Hillary Clinton, presidiu em Washington a entrega anual dos prêmios com os quais os Estados Unidos distinguem mulheres com coragem ao redor do mundo.
A major sorri para a foto entre a primeira-dama americana, Michelle Obama, e a secretária de Estado, Hillary Clinton (Foto: Alex Wong/Getty Images/AFP)O Departamento de Estado louvou o papel de Pricilla na pacificação das favelas do Rio, onde enfrentou traficantes perigosos e chegou a sofrer um sequestro-relâmpago em 2007.
"Seu trabalho criou não apenas um programa modelo, também representou uma melhoria das condições das pessoas que vivem nessas circunstâncias", apontou um porta-voz do Departamento de Estado.
A major se emocionou e chorou durante a cerimônia. Ela foi uma das dez vencedoras do prêmio e recebeu o troféu das mãos da primeira-dama dos EUA, Michelle Obama.
Também participaram da homenagem Leymah Gbowee e Tawakkol Karman, que ganharam o Prêmio Nobel da Paz de 2011.
Desde 2007, o Departamento de Estado premiou 46 mulheres de 34 países diferentes por sua luta pelos direitos femininos, com o risco pessoal que isso costuma representar, informou em comunicado.
Da EFE

terça-feira, 6 de março de 2012

Palavras duras e nenhuma estratégia

Diante de denúncias de líderes europeus, os ditadores do mundo poderão ser tentados a parafrasear Stalin: “A União Europeia! Quantas divisões ela tem?” De fato, a UE não tem exército, e é perturbada por divisões do tipo político. Sua diplomacia tem consistido principalmente em dinheiro e palavras. Para a Grã-Bretanha e a França, a campanha na Líbia foi suficiente por algum tempo. A UE está perdendo o interesse até pelas missões de paz que antes amava.

Então ela recorre a sua nova ferramenta preferida, as sanções. Dificilmente uma reunião de ministros das Relações Exteriores se passa sem medidas punitivas contra um regime brutal: proibição de importações e investimentos, restrição a negócios financeiros, listas com centenas de pessoas impedidas de entrar na UE e com seus ativos congelados. “Tornarmo-nos uma máquina de sanções”, zomba um ministro.


Em janeiro a UE impôs uma quinta rodada de sanções ao Irã. Esta incluía a proibição às importações de petróleo e o congelamento dos ativos do banco central iraniano. Este mês ela apertou os parafusos contra a Síria novamente. Aqui também a UE agiu contra o banco central, e sete ministros sírios foram colocados na lista. Na Belorus, 21 novas pessoas foram igualmente “designadas”, na maioria policiais e juízes envolvidos na supressão dos direitos civis. Na discussão que se seguiu, a Belorus exigiu a retirada dos embaixadores polonês e americano em Minsk e membros da UE chamaram seus enviados para consultas. Desde 2010 a UE impôs sanções contra Mianmar, Zimbábue, Costa do Marfim, Egito, Tunísia e Líbia (algumas foram relaxadas desde então, conforme os regimes caem ou mudam de comportamento).

Esse fogo de metralhadora de sanções se deve em parte às circunstâncias. A repressão às rebeliões em todo o mundo árabe exigiu uma reação urgente. A UE hoje tem um braço diplomático permanente, o Serviço Europeu de Ação Externa (EEAS na sigla em inglês), que é bom em sanções. Garantir um acordo para elas entre 27 membros é uma conquista. Até os americanos, geralmente sem esperança, estão impressionados.

Ainda assim, as sanções são incertas. Doze anos de medidas duras contra o Iraque não desalojaram Saddam Hussein (foi necessária uma invasão).

No Irã, a escalada das sanções não dissuadiu o regime de suas ambições nucleares, embora possam forçá-lo a mais negociações com a chefe diplomática da UE, Catherine Ashton. Dito isso, as sanções também se destinaram a convencer Israel de que não precisava bombardear o Irã ainda.

Na Síria as sanções parecem até agora pouco servir para impedir Bashar Assad de sangrar seu país. A reação internacional é bloqueada pela Rússia e a China, que vetaram uma resolução da ONU, temendo que convidaria a uma intervenção no estilo Líbia. A cúpula da UE esta semana discutiu como forçar uma separação entre Moscou e Pequim. Mas mesmo que a ONU pudesse agir a Grã-Bretanha e a França talvez não estivessem inclinadas à ação militar. A Síria é um inimigo mais forte que a Líbia, e as consequências da intervenção são menos previsíveis.

A política de sanções poderá em breve alcançar seus limites em termos de pessoas e transações proibidas e dos interesses entre os países europeus. A Eslovênia vetou colocar um oligarca da Belorus na lista de sanções, aparentemente para proteger uma firma com um contrato suculento para construir um complexo de residências e escritórios em Minsk, que inclui um novo hotel Kempinski. Para impor sanções de petróleo ao Irã foi necessária uma promessa de ajudar a Grécia paralisada pelas dívidas a encontrar uma fonte de petróleo alternativo (e finanças brandas). Os gregos bloquearam medidas para proibir importações de fosfatos da Síria.

Isso levanta uma questão maior. A prioridade máxima da Europa é a crise do euro, que irrompeu justamente quando a UE ratificou o Tratado de Lisboa e criou o EEAS. Ao fundir diversas funções em uma, havia a esperança de que a Europa fosse finalmente capaz de fazer sua voz ser ouvida no mundo. Mas o papel foi mal desenhado desde o início, prejudicado pela burocracia inflexível e o ciúme de 27 ministros das Relações Exteriores. A mediocridade de Lady Ashton não ajudou.

O problema é ainda mais profundo. A reivindicação de importância da UE é de que, como maior mercado do mundo, ela importa. Como exemplo de integração pacífica, ela é um “poder normativo” capaz de definir um exemplo magnético de cooperação. Mas que tipo de poder normativo a UE pode exercer se seu maior projeto, o euro, é considerado em risco de colapso?

Doze estrelas definitivas

A influência global é difícil de medir. Nem mesmo a poderosa América pode reivindicar ter resolvido o conflito árabe-israelense, a crise nuclear iraniana ou o futuro do Afeganistão. Mas todo mundo sente o declínio da Europa. Antes ela se preocupava que não desempenhasse um papel insuficiente para solucionar as mazelas do mundo; hoje ela própria é um grande problema.

O mundo está mudando depressa, mas o velho continente tem dificuldades para reagir. Veja a primavera árabe. A UE traçou uma estratégia sólida enfatizando os “três Ms” de moeda, mercados e mobilidade (não chame de migração). Mas existe pouco dinheiro para continuar na roda; os europeus do sul não querem se abrir para os produtos do norte da África; ninguém quer perder os controles de fronteiras. A leste, a UE pensou muito em como lidar com a Rússia de Putin? Não. Alguém fala sobre preencher a lacuna militar enquanto os EUA reduzem suas forças na Europa? Não. A austeridade está espremendo os orçamentos de defesa.

Nem tudo está perdido. A Europa ainda é rica e tem instrumentos de renascimento nas mãos. Sua própria ampliação ainda oferece o melhor meio de exercer influência. A esperança de aderir levou a Sérvia a encontrar e extraditar os mais sérios acusados de crimes de guerra das guerras dos Bálcãs e a começar a buscar uma acomodação com Kosovo. A Sérvia merece seu status de candidata. Se as negociações de acesso com a Turquia puderem ser revividas, a UE poderia encontrar um novo meio de influenciar seu vizinho ao sul. Por outro lado, apenas pensar em novas sanções todo mês não representa uma estratégia.

De Carta Capital

domingo, 4 de março de 2012

Aliados do aiatolá conquistam 75% do Parlamento

Os aliados do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, conquistaram mais de 75% das 290 cadeiras do Parlamento do país com 90% das urnas apuradas, segundo uma lista publicada pelo Ministério do Interior, informa a agência de notícias Reuters. O resultado final deve ser divulgado na segunda-feira 5.

Os reformistas não tiveram grande participação no pleito, uma vez que seus líderes estão em prisão domiciliar.

A oposição ao regime convocou um boicote às eleições de sexta-feira 2, mas o governo estendeu em cinco horas o encerramento do pleito para permitir uma maior participação popular. Com isso, mais de 65% de votantes, ou cerca de 31 milhões de eleitores, foram às urnas. Resultado dentro da margem tradicional, entre 50% e 70%, mas superior à consulta de 2008 (55,4%).

Sem a oposição, a disputa ficou dividida entre correntes conservadoras aliadas ao presidente Mahmoud Ahmadinejad e Khamenei, que saiu vitorioso. A política externa do país não deve, no entanto, sofrer alterações. Por outro lado, o religioso consegue grande vantagem no Parlamento, apenas 18 meses antes das eleições presidenciais de 2013.

Dos 30 assentos da capital Teerã, aponta a Reuters, 19 devem ficar com os partidários de Khamenei e o restante com os aliados de Ahmadinejad.

Os candidatos do aiatolá conquistaram importantes vitórias nas cidades santas xiitas de Qom e Mashhad, além de liderar nas províncias de Isfahan e Tabriz, onde cerca de 90% dos eleitores apoiaram Ahmadinejad nas eleições de 2009, e em regiões rurais redutos do presidente.

Os 48 milhões de eleitores convocados votaram em 3,4 mil candidatos, na primeira eleição de nível nacional desde a reeleição do presidente, marcada por protestos da oposição contra fraude e por uma sangrenta repressão do regime.

Na sexta-feira 2, os principais dirigentes e a imprensa oficial convocaram uma participação em massa, apresentada como uma resposta às ameaças militares israelenses e aos esforços dos ocidentais para estrangular o Irã com sanções econômicas e financeiras.

Indo votar, a população “dará uma bofetada nas potências hegemônicas” e “mostrará sua determinação de resistir ao inimigo”, afirmou Khamenei.

Irã, cujo programa nuclear foi condenado por seis resoluções das Nações Unidas, está submetido há dois anos a um embargo comercial, financeiro e agora petroleiro que já começa a abalar sua economia.
A campanha oficial ignorou em geral as questões econômicas e sociais do país, apesar de uma inflação superior a 20% e do desemprego estimado em 12%.

A votação foi realizada em cerca de 47 mil urnas instaladas no país e os resultados serão divulgados em dois ou três dias, segundo o ministério do Interior.

Muitos eleitores, de todas as idades, a maioria favorável aos conservadores, afirmaram votar por dever e com a esperança de que o novo Parlamento resolva os problemas econômicos, prioritários para todos.

Os dois principais protagonistas desta disputa são a “Frente Unida dos Conservadores”, ligada ao atual presidente do Parlamento, Alí Larijani, crítico do presidente Ahmadinejad, e a Frente da Persistência da Revolução Islâmica, uma associação heterogênea conservadora que defende o presidente e denuncia a cordura política de seus adversários.

Com informações Agência Brasil e AFP para Carta Capital

sexta-feira, 2 de março de 2012

Irã X EUA: Ecos de antigos erros

O Ocidente fornece bilhões de dólares em armas para nações antidemocráticas da região com o objetivo de manter o Irã de Mahmoud Ahmadinejad sob controle. Foto: Ruzbeh Jadidoleslam/AP
Há mais de ano e meio a região do Oriente Médio vem passando por tumultos e reformas maciças, enquanto revoltas e revoluções sociopolíticas batem às portas de muitos países árabes da região, do Bahrein a Arábia Saudita e Egito. A maioria dessas rebeliões visa os regimes ditatoriais, na maioria despóticos, que reprimem e sufocam suas respectivas populações. Mais importante, quase todos esses regimes e seus governantes são aliados do Ocidente. Portanto, não surpreende ver como a situação nesses países pode ser embaraçosa para as capitais ocidentais. Portanto, de vez em quando ouvimos um pedido abafado por mudanças ou críticas, na maioria devidas a pressões internas de eleitorados de líderes e políticos ocidentais.

Enquanto as coisas se aquecem do outro lado do globo, seja esmagando os manifestantes na Praça Tahrir no Cairo, Egito, ou atirando contra manifestantes na Praça da Pérola em Manama, Bahrein, os pedidos ocos por respeito aos direitos humanos e provas de contenção se ampliam, mais para abafar as críticas de inércia do que para realmente criar resultados reais no local. Pois, como diz a famosa frase, as ações falam mais alto que as palavras.

Portanto, não seria apenas chocante, mas também meramente contraditório e hipócrita, saber que não apenas não se aplica pressão aos governantes desses países como na verdade eles são “recompensados” com enormes negócios de armas. A lista de países fornecedores e receptores e os negócios de armas individuais são numerosos, para dizer o mínimo. Mas, para dar ao leitor uma visão da ponta do iceberg, os seguintes elefantes se destacam:

- Ao longo do ano passado o governo britânico vendeu mais de 1 milhão de libras em armas para o governo de Bahrein. Um acordo recém-divulgado incluía, mas não se limitava a, silenciadores de armas, rifles, artilharia e aviões militares.

- No mesmo período, o Reino Unido também forneceu à Arábia Saudita e ao Egito mais de 1 milhão de libras em armas, respectivamente.

- No último verão houve rumores de um negócio entre a Alemanha e a Arábia Saudita para a aquisição de 200 tanques alemães.

- O governo dos EUA anunciou em meados de fevereiro de 2012 que seguirá com a venda de US$ 53 milhões em armas para Bahrein, que fora suspensa por motivos políticos em Manama.

- Os EUA também fornecerão à Arábia Saudita US$ 30 bilhões em armas, em um acordo que foi anunciado nos últimos dias de 2011, parte de um pacote de US$ 60 bilhões em dez anos aprovado pelo Congresso americano.

- Finalmente, os EUA também fornecerão aos Emirados Árabes Unidos armas em um acordo anunciado no final do ano passado no valor de US$ 3,5 bilhões.

O problema das notícias acima é complexo. Primeiro, o que não está na mente dos atuais líderes ocidentais em sua corrida para vender armas para esses aliados despóticos é história, uma que lembra os atos de seus antecessores. Cerca de 30 anos atrás, em meados e no final dos anos 1970, o xá do Irã, que coincidentemente era um firme aliado do Ocidente, recebeu bilhões de dólares em armas, em um momento em que internamente a sociedade iraniana passava por forte turbilhão e mudanças, como as que ocorrem hoje nos países árabes da região. E, assim como hoje, apesar da violenta opressão e repressão do xá a sua população o Ocidente continuou lhe fornecendo cada vez mais armas, porque achava que ele poderia finalmente controlar o turbilhão doméstico e conter os soviéticos e os atores rebeldes na região, como Iraque e Egito. No entanto, como mostrou o tempo, o xá caiu e depois da revolução de 1979 a população iraniana e seus novos líderes lembraram todos os negócios de armas do Ocidente com o exército do xá, que ironicamente acabou se voltando contra os EUA e os interesses ocidentais.

Hoje também o Ocidente ignora as mesmas lições e erros históricos, e está fornecendo bilhões de dólares em armas e equipamentos para um bando de nações instáveis e antidemocráticas da região, fazendo ouvidos moucos para as revoltas populares nesses países e com o pensamento otimista de que os governantes dos mesmos passarão pela tempestade e conseguirão manter o Irã sob controle. Mas a realidade é que o Ocidente deverá estar preparado quando todos esses regimes caírem, um a um, e suas populações lembrarem que o Ocidente deu palavras vazias de apoio ao povo e armas cheias de balas para seus governantes.

E essas armas afinal se voltarão contra os interesses ocidentais. Dois exemplos recentes se destacam, Egito e Líbia, onde os fundamentalistas que não são tão amistosos com o Ocidente estão subindo os degraus políticos e criando dores de cabeça para os governos ocidentais. O colapso de regimes em lugares como Arábia Saudita e Bahrein também significará problemas para o Ocidente. Na Arábia Saudita, uma guerra civil ocorrerá entre xiitas e sunitas e o Ocidente não estará a salvo de um governo xiita alinhado com o Irã, nem de um governo sunita radical alinhado com a Al Qaeda e os terroristas. Em Bahrein o cenário não será muito diferente do Iraque, onde a maioria oprimida conseguirá o controle e se revoltará contra a minoria governante anterior e seus amigos estrangeiros.

Em segundo lugar, é evidente que os atos do Ocidente, personificados nos acordos de armas mencionados, juntamente com um plano recém revelado pelo governo Obama de fornecer a vários outros países árabes — como Kuwait, Jordânia e Marrocos — um acordo de armas de US$ 10 bilhões, estão criando uma corrida armamentista na região, a qual não beneficiará ninguém. Ao fornecer bilhões de dólares em armas para os países árabes, o Ocidente, e especificamente os EUA, pensam erroneamente que poderão gerar um equilíbrio e um contrapeso para a ameaça percebida do Irã. Isto por sua vez vai motivar os iranianos a adquirir mais armas e reforçar suas capacidades defensivas e ofensivas apenas para poder continuar à altura de seus vizinhos. E não devemos esquecer Israel, que já está recebendo cerca de US$ 2,4 bilhões em ajuda militar dos EUA.

Os atos do Ocidente ajudarão a criar e alimentar um ciclo vicioso e interminável. E no caso de uma calamidade imprevista todas as armas colocadas nesses países, no quintal dos fundos de Israel, serão muito mais perigosas do que qualquer ameaça antes representada pelo Irã. E mais uma vez, como a história mostrou na guerra do golfo Pérsico em 1991, os mísseis iraquianos que Saddam havia adquirido da Europa e dos EUA acabaram caindo sobre Israel.

Uma coisa que o Ocidente precisa entender e aprender com os casos da Líbia e do Egito é que, diferentemente do Irã, onde o governo fundamentalista se opõe ao Ocidente, a maioria da população é favorável e amigável ao Ocidente, enquanto em muitos dos mesmos países árabes aliados da região a situação é inversa, onde a elite dominante governante se alinha com o Ocidente, mas a população, mais fundamentalista, considera seu governo corrupto e próximo demais do Ocidente. Portanto, qualquer venda de armas, especialmente nesta junção da vida política no Oriente Médio, deveria ser seriamente reconsiderada nas capitais ocidentais.
 
S. Hesam Houryaband é analista político.
 
De Carta Capital

Contrastes europeus

Militantes protestam contra medidas dos governos diante da crise. Foto: Pascal Guyot/AFP
Muito se fala que da crise europeia, mas poucos meios de comunicação tomam o devido cuidado em tentar esmiuçar um dos principais pontos dos efeitos da crise, o desemprego e a precarização da mão de obra, que atingiu o seu clímax em 2008.

Neste sentido, a Organização Internacional do Trabalho elaborou um livro intitulado “Desigualdades no trabalho durante a crise. Testemunhos da Europa”, na qual relata que as desigualdades no local de trabalho aumentaram de maneira considerável em toda a Europa como consequência da crise econômica mundial e continuarão aumentando na medida em que mais países introduzam medidas de austeridade e reformas laborais. O livro inclui dados provenientes de 30 países e 14 estudos nacionais realizados por destacados especialistas europeus.

O livro examina, por exemplo, como os países que dependeram de ajustes de flexibilidade externa, como a Espanha, tiveram graves dificuldades no âmbito laboral. Além disso, destaca um aspecto da crise pouco documentado até agora: seus efeitos macroeconômicos, no âmbito das empresas, sobre diferentes categorias de trabalhadores e nos âmbitos de trabalho que os afetam diretamente.

Pode-se também observar que em alguns países, como Bulgária, Hungria e Reino Unido, aumentaram as diferenças salariais entre os trabalhadores na base e no topo da escala salarial.
Os trabalhadores com contratos temporários foram fortemente afetados pelas demissões e foram utilizados como uma espécie de “amortecedores de emprego”, como mostra o exemplo da Espanha, onde 90% dos postos de trabalho perdidos eram de trabalhadores temporários.

No que diz respeito ao desemprego, na maioria dos países europeus, as taxas de desemprego juvenil são aproximadamente o dobro das taxas dos trabalhadores adultos, com incrementos mais pronunciados na Estônia, Lituânia e Letônia, assim como na Espanha, Irlanda e Grécia.

Os trabalhadores pouco qualificados foram particularmente afetados pela crise conforme as empresas manufatureiras começaram a despedir parte de seu pessoal. Apesar de os homens inicialmente terem sido mais afetados pela crise do que as mulheres (6% nos Estados bálticos, Irlanda e Espanha), as práticas discriminatórias contra as mulheres agravaram-se ao longo dos últimos anos. As mulheres empregadas nos setores onde predomina a mão de obra masculina foram as primeiras a serem despedidas ou em ter maiores cortes salariais.

Além do que, as novas reformas laborais adotadas em 2012 com o objetivo de estimular a competitividade, como por exemplo, o congelamento do salário mínimo e os cortes na proteção social na Espanha; a decisão de multiplicar os mecanismos de tempo parcial na França; e uma moderação adicional dos salários e o incremento dos empregos de baixa remuneração na Alemanha e outros países, podem acarretar, como consequência direta, o aumento das desigualdades no mundo do trabalho e na sociedade europeia.

Em um contraste vivido pelos trabalhadores europeus, os altos executivos dos principais bancos da Europa, mesmo com a crise e a recessão mais do que anunciada, mantém suas remunerações e bônus elevados.

Por exemplo, O HSBC teve uma queda de 1,2 bilhão de dólares (cerca de 2 bilhões de reais) no seu lucro antes dos impostos em 2011, e o homem que comanda essa instituição financeira, Stuart Gulliver, ganhou um bônus de 5,9 milhões de libras esterlinas pelo seu trabalho (R$ 16 milhões), conforme noticiou o jornal britânico “Financial Times“. E, é importante destacar, apenas 192 pessoas no banco ganham 1 milhão de libras/ano e somente cinco compartilharam 27 milhões de libras/ano.

Não nos esqueçamos: na crise de 2008, muitos profissionais do setor financeiro foram alvo de protestos nos Estados Unidos e em várias partes do planeta, por receberem grandes quantias de dinheiro mesmo quando as companhias em que trabalhavam apresentavam resultados medíocres ou mesmo catastrófico.

Resta saber se as autoridades executivas e os agentes econômicos pretendem colocar no centro de suas agendas, a luta contra as desigualdades e, ao mesmo tempo, desenvolverem um conjunto de políticas que enfrentem as mazelas sociais e do mundo do trabalho. Infelizmente, até o momento, não é isso o que está sendo executado, portanto, não há outra história a ser construída para a maioria dos europeus, se não, a recessão.

Por Paulo Daniel de Carta Capital

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Tensão no Oriente Médio: Irã cessa vendas de petróleo à França e ao Reino Unido

O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad (2do à esquerda) com técnicos nucleares. Foto: AFP

TEERÃ (AFP) – O Irã cessou suas vendas de petróleo às companhias petroleiras francesas e britânicas, declarou neste domingo o porta-voz do Ministério iraniano de Petróleo, Alireza Nikzad.
A notícia foi oficialmente divulgada através do site do Ministério.

No sábado, navios de guerra iranianos entraram no Mediterrâneo para ‘mostrar o poder’ da República Islâmica, em um momento de crescente tensão do país com Israel pela crise nuclear e os atentados anti-israelenses na Índia e na Tailândia.

O anúncio da presença da marinha iraniana no Mediterrâneio foi feito pelo comandante chefe da marinha, o almirante Habibolá Sayyari, após os navios atravessarem o Canal de Suez, conforme citado pela agência oficial Irna.

Ao mesmo tempo, no entanto, o principal negociador do Irã para os temas nucleares, Said Jalili, propôs em um encontro das potências do grupo 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, França, Grã-Bretanha e Alemanha) a retomada na “primeira oportunidade” das negociações sobre o programa nuclear iraniano, sempre e enquanto forem respeitados seu direito à energia atômica com fins pacíficos.

O chanceler britânico William Hague, por sua vez, afirmou na sexta-feira que as ambições nucleares do Irã poderiam desencadear uma “nova Guerra Fria”, mais perigosa que a dos países ocidentais com a União Soviética.

O programa nuclear iraniano é justamente um dos pontos que deveam ser tratados por Tom Donilon, o conselheiro para Segurança Nacional do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em uma visita a Israel que acontece neste sábado, conforme anunciou na sexta-feira a Casa Branca, através de um comunicado.

Por Carta Capital

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

EUA fecham embaixada em Damasco e Rússia negocia alternativa

Os Estados Unidos anunciaram, na segunda-feira 6, o fechamento de sua embaixada em Damasco, como mais uma medida de retaliação diplomática ao regime de Bashar al-Assad. O Departamento de Estado Americano disse que o embaixador, Robert Ford, já deixou o país junto com o restante dos funcionários americanos. As informações são da BBC.

O Departamento afirmou ainda que as autoridades sírias falharam em responder adequadamente a suas preocupações de segurança.
Correspondentes dizem que a decisão pretende isolar ainda mais a Síria dias depois que a Rússia e a China vetaram uma resolução do Conselho de Segurança da Onu contra o presidente Bashar al-Assad.

Saída alternativa

O ministro russo de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, que vetou, junto com a Pequim, a resolução do Conselho de Segurança da ONU contra a Síria neste sábado 4, disse que a raiva dos países ocidentais e árabes contra o veto de Moscou é “histérica”. Ele chegou a Damasco nesta terça-feira 7, para negociações com o presidente Bashar al-Assad, em meio a temores de que o Exército esteja prestes a invadir a cidade rebelde de Homs.

Centenas de pessoas morreram em Homs desde sexta-feira 3, segundo ativistas e testemunhas, e a cidade – bastião da insurgência contra Assad – amanheceu sob ataques pesados com barragens de artilharia nesta terça-feira 7.

O gabinete de Lavrov disse que o ministro foi a Damasco porque Moscou busca “a mais rápida estabilização da situação na Síria”.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Victoria Nuland exortou Lavrov a “usar essa oportunidade para deixar totalmente claro para o regime de Assad o quão isolado ele está, e para encorajar Assad e seus aliados a usarem o plano da Liga Árabe e permitir uma transição”.

A Rússia é a principal fornecedora de armas para Damasco. O porto sírio de Tartus abriga a única base naval russa no Mediterrâneo.

Ataque por terra

Forças do governo vêm atacando desde sexta-feira, com barragens de artilharia, o bastião rebelde de Homs. Testemunhas e ativistas dizem que centenas de pessoas morreram na cidade – 95 delas na segunda-feira.

O repórter da BBC Paul Wood – um dos poucos jornalistas estrangeiros em Homs – diz que o Exército sírio começou a bombardear a cidade por volta das 6h (2h hora Brasília) desta terça-feira. Segundo Wood, os moradores de Homs temem que o Exército esteja planejando um ataque por terra à cidade.

O governo sírio – que vem combatendo uma onda de revolta contra o regime de Assad desde março – diz estar lutando contra gangues armadas apoiadas por estrangeiros. No entanto, milhares de soldados desertaram e passaram para o lado rebelde, formando o Exército da Síria Livre.

O ativista Mohammed al-Hassan disse em Homs que o bombardeio desta terça-feira foi mais focado no bairro de Baba Amr, onde grande parte da insurgência armada se concentra.
“Não há eletricidade e todas as linhas de comunicação com a vizinhança foram cortadas”, disse ele.

De Carta Capital